Dia Mundial da Obesidade

Entenda o que é, o diagnóstico e o seu tratamento 

O dia 4 de Março é o dia Dia Mundial da Obesidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu essa data a fim de chamar a atenção da população sobre essa doença, que afeta tantas pessoas pelo mundo, sendo considerada uma pandemia.

 

O que é Obesidade

A Obesidade é uma doença crônica definida pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Essa doença tem o potencial de causar e de agravar diversas doenças. Dentre elas estão o diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular encefálico (derrame), várias formas de câncer e problemas respiratórios. 

Afeta pessoas de ambos os sexos, em todas as faixas etárias, e a quantidade de pessoas portadoras da doença aumenta a cada ano. Para elucidar, apresentamos os dados de 2021 (VIGITEL) no Brasil. Estes demonstram que quase 6 em cada 10 adultos estavam com sobrepeso e que 22,35% da população estava com obesidade durante a pesquisa (2021), Esse dado significa o dobro em relação há 15 anos. Por essas razões considera-se a obesidade como um dos principais problemas de saúde pública do mundo e estabeleceu-se o dia mundial da obesidade.

 

 

Diagnóstico da Obesidade

O primeiro passo para iniciar o atendimento de pacientes com sobrepeso e obesidade é obter um diagnóstico preciso e eficiente. Isso requer profissionais de saúde capacitados e sensibilizados para essa temática, que entendam que o excesso de peso é uma doença com riscos significativos de morbidade e mortalidade.

De maneira geral, identifica-se o estado nutricional de um indivíduo por meio da verificação do Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC é calculado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado. Um índice acima de 25 é considerado sobrepeso, e, acima de 30, obesidade, em adultos. No entanto, de acordo com a fase da vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes), os valores de referência de IMC podem ser alterados.

Outros exames complementares contribuem para a identificação precisa da obesidade, além de contribuírem para o acompanhamento no seu tratamento. O exame físico de antropometria, com aferição da Circunferência da Cintura, Circunferência do Quadril e cálculo da relação cintura-quadril são úteis para identificação de risco cardiovascular, bem como a distribuição da gordura corporal. Outro exame importante é o de composição corporal, por meio do qual é possível identificar se o excesso de peso de fato se deve ao acúmulo excessivo de gordura corporal. Este exame permite acompanhar se, durante o tratamento, a perda de peso refere-se em maior proporção à perda de gordura, o que é desejável, ou se se deve à perda de massa muscular.

O exame clínico e a anamnese também são muito importantes para identificar a história de ganho ou de perda de peso, tratamentos pregressos, análise de hábitos alimentares e de vida, história familiar e acesso aos alimentos. Além disso, é fundamental a identificação de comorbidades associadas à obesidade, sendo comum a presença de Diabetes, Hipertensão e problemas osteoarticulares, por exemplo.

 

 

Tratamento

A partir do diagnóstico serão definidas as estratégias de tratamento e cada paciente deve ser cuidado de maneira individual e com abordagem multidisciplinar. A partir do conhecimento do perfil do paciente e de seu grau de obesidade é possível alcançar melhores resultados.

Para a maioria dos casos de obesidade é recomendado o tratamento clínico longitudinal. Essa terapia refere-se ao acompanhamento multiprofissional mínimo por 2 anos. Nesse tratamento o usuário deve passar por acompanhamento nutricional e psicológico, bem como médico. Pode ser necessário o tratamento medicamentoso complementar da obesidade.

No entanto, a base do tratamento da obesidade é a mudança no estilo de vida, para incorporação gradual e duradoura de hábitos de vida saudáveis. Dentre eles destacam-se a prática regular de atividades físicas, a alimentação adequada e saudável, a melhoria da saúde mental e abandono de fumo, álcool e drogas.

Mudar o estilo de vida não é tarefa fácil. A equipe deve apoiar e encorajar o paciente a realizar as mudanças dentro de suas possibilidades individuais. O apoio familiar e comunitário podem contribuir para o tratamento, bem como a participação de atividades em grupo.

O que é sucesso no tratamento da obesidade?

A obesidade é uma doença recidivante. Muitas pessoas obesas e profissionais de saúde desistem do tratamento. Isso se deve em grande parte às expectativas elevadas em relação ao tratamento. 

Ter sucesso no tratamento clínico da obesidade significa perder de 5 a 10% do peso corporal de forma sustentada e/ou controlar as comorbidades associadas, tais como diabetes e hipertensão arterial.

Neste sentido, o usuário e o profissional de saúde assistente não devem criar a expectativa e o desejo de que o IMC do paciente obeso retorne para a faixa de eutrofia. O indivíduo deve modificar seus hábitos de vida dentro de suas possibilidades e por consequência perder peso de forma sustentada e/ou melhorar o controle glicêmico ou os níveis pressóricosl, por exemplo. Isso, portanto, é sucesso no tratamento clínico e deve ser valorizado pelo paciente e pela equipe de saúde. Quando isso ocorre, diz-se que a obesidade está sob controle.

Considerando essas questões, as temáticas abordadas por organizações governamentais e não governamentais para o dia mundial da obesidade em 2023, todavia, é a empatia e humanização no tratamento do paciente obeso.

Quando a cirurgia bariátrica é uma opção?

Nos casos mais graves, ou seja, quando o IMC está acima de 40 kg/m², ou acima de 35kg/m2 com comorbidades associadas e não houve sucesso no tratamento clínico por dois anos, a cirurgia bariátrica é indicada. Inclusive para pacientes com IMC maior que 50 kg/m² e que não realizaram tratamento prévio.

A cirurgia bariátrica é o tratamento cirúrgico da obesidade, é eficaz para casos graves, mas a indicação depende da análise clínica e psicológica. Por isso, alguns casos são contra-indicados, como no caso de obesos graves com patologias mentais, cardiopatias graves entre outras doenças, que em conjunto da cirurgia bariátrica, adicionam risco à saúde do paciente.

Cada paciente obeso grave deve se analisado intensamente para cerificação de que o tratamento cirúrgico é a melhor opção. Assim, é necessário avaliar a capacidade cardiopulmonar, verificar se não há doença vascular sobretudo dos membros inferiores, tem que haver controle máximo da glicemia e o psicológico tem que estar bem controlado. Além disso, o paciente deve estar preparado para as restrições da dieta pós-operatória, bem como estar disposto a mudar drasticamente seus hábitos alimentares, principalmente no início.

 

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2021: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Brasília, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/vigitel/vigitel-brasil-2021-estimativas-sobre-frequencia-e-distribuicao-sociodemografica-de-fatores-de-risco-e-protecao-para-doencas-cronicas/

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Sobrepeso e Obesidade em adultos. Brasília, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20201113_pcdt_sobrepeso_e_obesidade_em_adultos_29_10_2020_final.pdf

 

Por: Raiany Boldrini Christe Jalles – CRN4 10100950

 

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